terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mochileiro

Qual é o preço da felicidade? A gente perde unhas, engorda, emagrece, choramos, caímos, levantamos, perdemos sangue, saúde, amigos, amores e muitas outras coisas, tudo pelo prazer de ser feliz. E onde está a felicidade? São muitas as possibilidades de onde possa estar a tal da felicidade, mas eu tenho as minhas teorias.

Nós temos preocupações durante nossa vida inteira. A começar pela infância, quando nossos pais nos largavam na escolinha e ficávamos na dúvida se eles voltariam, isso até começarmos a brincar com as outras crianças, e naquela época, isso era felicidade pra mim. Então o primeiro lugar que eu iria procurar a minha felicidade seria numa escolinha, no meio das crianças. É lá onde os olhos radiantes e brilhantes, cheios de dúvidas estão a se divertir e a conhecer um belo e magnífico mundo (?). Talvez no final do dia compense, ver a diversão das crianças, se jogando areia no cabelo, fazendo castelos de areia, descendo no escorregador, indo no balanço e tantas outras coisas que se pode fazer no parquinho. Vem a hora de história, e as histórias tão bem contadas faz as crianças imaginarem tudo aquilo, e querem viver aquilo. Ao chegar em casa, tenho total certeza, de que elas tentam imitar suas professoras, contando as histórias, e brincando como se elas fossem as (os) personagens.

Então começamos a ir para a escola, e nos preocupamos com os temas, e pelo mesmo motivo das crianças, éramos felizes por termos nossos colegas juntos, se divertindo durante a aula, no recreio ou na educação física. Mas aí, crescemos e viramos adolescentes (aborrescentes) tão cheios de dúvidas, experimentando os mistérios das drogas. Pelo menos eu, não entrei nessa onda, então experimentei os mistérios da vida. O amor. Nos apaixonamos por uma determinada garota, namoramos ela, e quando essa pequena história de amor tem um fim, parece o fim do mundo para nós. Como se o sol nunca mais fosse nascer para nós outra vez. Quanto drama...Continuávamos felizes juntos dos amigos, e julgamos nossos pais como se eles não soubessem nada. Ah, e éramos felizes ao estar na internet, no celular (e eu ainda sou assim, lamento dizer), mas digo que antes viciado em internet do que em drogas. Mas aí depende muito de como tu vai usar a tua internet...cada um com seus princípios. 

Aí começamos a fase pré-adulta, que é quando vamos trabalhar. O primeiro emprego, o dinheiro próprio...independência. Nesse momento, nos preocupamos com coisas do trabalho, e aí varia da área onde se trabalha. E nossa felicidade vem todo final do mês, com o dinheiro no bolso. Mas também começamos a sonhar mais baixo, coisas mais possíveis (e com possíveis eu digo FÁCEIS) de se realizar. Tão estupidamente, em muitas vezes não corremos atrás destes sonhos. Saímos em festas, enchemos a cara e somos felizes. Eu, não sou muito de ir em festas, prefiro beber em casa, jogando play e fazendo meu som. E o amor continua a avassalar nossas vidas, mas agora até que temos amores mais duráveis, e às vezes achamos o amor de nossas vidas.

Aí chega a vida adulta. Morar sozinho (ou não), comida, aluguel pra pagar, luz, água, faculdade, parcelas e tantas outras coisas em que nos endividamos. E aí, nós sonhamos ainda mais baixo, por que tudo parece ser mais difícil ainda, até mesmo ter um tempo para os amigos. De manhã, trabalho. De tarde, trabalho. De noite, trabalho (e quando dá, podemos dormir). Construímos família, temos filhos, e aí temos uma casa para sustentar, com a ajuda da esposa (marido). E somos felizes quando estamos juntos de nossos filhos (e aqui não vai mais constar minha opinião, pois ainda estou na fase do parágrafo anterior). E vamos ficando cada vez mais velhos, e sempre mais. Nossos sonhos estão cada vez mais perto do chão. As doenças vão chegando com o tempo, nossos filhos crescendo, e passando pelas mesmas coisas que já passamos e então a gente entende nossos pais. E bate a saudade deles. Há que vai ter a sorte de simplesmente ligar o carro e os visitar, mas há quem não poderá fazer isso. E então a felicidade é quando sobra um dinheiro no final do mês para aproveitar.

E então a aposentadoria, terceira idade, e todos os "prazeres" idosos. Um deles, é a caixa de remédios controlados e não controlados. As consultas periódicas, acordar todo dia as 6 horas da manhã, ligar o rádio e ouvir as primeiras noticias. Abrir a casa, fazer um mate bem quente, sentar na cadeira de balanço na varanda, respirar fundo e observar o sol nascer tomando um bom mate. Você já não é tão conectado com o mundo como foi no ápice da sua idade, e pensa "ah, eu devia ter aproveitado mais quando pude", e nossos sonhos aí, já estão abaixo do nível do mar. 

E chego a conclusão de que a felicidade está nos nossos sonhos: Vamos viver, sonhar mais, correr atrás destes sonhos. Quem sonha grande, será grande. Quem sonha pequeno, será comandado pelos grandes. Nenhum sonho é impossível, se não, não seria sonhado. Eu sei, eu sei, somos todos barcos. "O barco é escravo da maré e do vento", e fora do mar, o barco é apenas uma grande lata velha. Nós, fora do sistema, somos desajustados,  e muito mais felizes. Só observar o por quê de uma criança ser feliz. Ela não vive no sistema (ainda). 

Na vida, busque crescer e evoluir. Nós podemos ser o super-herói que nós quisermos, pois a força se encontra dentro de cada um de nós (e a felicidade também).

P.S. "A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade." - Carlos Drummond de Andrade

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