segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Baía da Confiança

Era belo. Éramos felizes. Era ego. Éramos normais. Era algo bem mais belo que um jardim florido, ou mais belo  que um sorriso as 6 horas da manhã. Éramos estupidez. Era uma volta inteira no mundo, e uma parada à estaca zero. Éramos muitas palavras repetidas num vocabulários vasto. Era eu e ela.

Numa folha de 32 linhas, devia caber a  minha história. 10 linhas já era o bastante. E na 15ª linha eu já dizia fim. Eu era pouca vida desafiando 32 linhas.

Ela era a lua, por entre os telhados das casas do lado. Parecia tão comum, com mais de 50 mil crateras distinguíveis a olho nu, e ao mesmo tempo se via como um espelho. Refletia o que a luz mandava, menos o calor do seu abraço. Mandei-lhe um bilhete, que ela não consegue agarrar. Éramos distância.
Até apaguei a luz do meu quarto lhe dizendo "tua luz é mais bonita", e vaguei durante as noites admirando ela, e ela me iluminando, onde quer que eu fosse. Era como uma canção que soava em meus ouvidos. Eu falava com ela, e ela me respondia, em tons e tamanhos diferentes. Um dia ela estava cheia, de mim. No outro dia ela estava minguando a saudade de não passear comigo.

Ela me alertou: "O dia está do outro lado."

Eu disse "não deixa chover" e ela se escondeu, não pude a ver. Me esparramei na cama, girando dum lado ao outro, ocupando o espaço que eu imaginava ser o dela. Qualquer coisa que me mantenha perto, ou qualquer coisa que não me afaste. Ah, a imaginação. Doce, és.
Seria paz, se não fosse chuva. E ela mudou sua posição. Não podia fugir, e ela me disse "não fique assim". Dialoguei por horas e horas com ela, tentei convence-la que eu podia avarandar e vê-la mais de perto, e ela nada disse. Eu a encarei, e ela foi tomando tons de azul, vermelho e amarelo, e eu senti meus olhos se fechando.

Ela Lua, eu Vênus.

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